Depois do cannabis, a cocaína é a substância ilegal mais consumido em nível mundial. Estima-se que entre 1 e 3% das pessoas no mundo desenvolvido tenham experimentado a cocaína em algum momento da sua vida e é responsável direta por milhares de mortes a cada ano.
Essa euforia inicial em relação ao uso da cocaína provocou uma epidemia no uso nos Estados Unidos no início do século XX, levando a sua proibição em 1914, como uma forma de controle ao uso desenfreado. Essa medida foi adotada pela maioria dos países ocidentais no início do século XX, sendo proibida no Brasil em 1921, tendo seu uso diminuído consideravelmente nesse período, retornando ao foco somente no fim da década de 1970.
A epidemia que se iniciou no fim da década de 1970 atingiu seu pico em meados de 1980. Em um primeiro momento, os usuários tinham um perfil elitizado, e a cocaína era uma droga de glamour, associado aos ambientes das grandes cidades ocidentais. Esse perfil foi gradativamente mudando, à medida que a produção da droga aumentava em grande quantidade pelos cartéis de traficantes sul-americanos, atingindo todas as camadas sociais e propiciando o aparecimento de formas mais baratas da droga, como o crack.
O uso mundial de cocaína é estimado em 18,2 milhões de pessoas – 0,4% da população global entre 15 e 64 anos.
Acredita-se que os efeitos psicológicos positivos da cocaína e seu potencial de abuso se devam a sua ação no sistema dopaminérgico, em específico no circuito de recompensa dopaminérgico na via mesocorticolímbica. A dependência de cocaína tem sido definida como uma doença do sistema de recompensa cerebral. Apesar de sua ação no sistema dopaminérgico ser mais importante, a cocaína também inibe transportadores de outros neurotransmissores, como norepinefrina e serotonina. Também tem múltiplas ações periféricas, sendo um potente anestésico local, com propriedades vasoconstritoras importantes.
O sucesso do tratamento da dependência de drogas depende de uma investigação ampla e da pesquisa da relação do indivíduo com a droga. A motivação para interromper o uso é outro aspecto importante na avaliação inicial, pois dela depende a construção do vínculo para início do tratamento ou o encaminhamento para serviço especializado. Diferentemente do que se acreditava, a motivação não é inflexível, podendo ser mobilizada por meio de algumas técnicas, como a entrevista motivacional, e, com isso, melhorar a adesão do indivíduo ao tratamento.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019
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