Em geral, ajudar os outros é a maior motivação para quem realiza trabalho voluntário. O que poucos sabem é que a prática também melhora a vida de quem se dedica a fazer o bem.
Em estudo recente, participantes passaram por uma avaliação emocional (com uso de ressonância magnética funcional) para avaliar a ativação de áreas específicas do cérebro ao fornecer apoio social. Independentemente de quem ajudaram, as atitudes positivas foram relacionadas ao aumento da ativação do estriado ventral e da área septal, regiões anteriormente ligadas a comportamentos de cuidado parental em animais.
No entanto, a área septal ficou mais ativa quando as pessoas forneciam o apoio direcionado a alguém, resultando em uma redução na atividade da amígdala, que tem relação com o sentimento de medo e estresse.
Mais uma vez, aqueles que relataram dar apoio mais direcionado aos outros também apresentaram uma redução na atividade na amígdala. Em ambos os casos, dar suporte não direcionado (como doação para caridade) não se relacionou à redução das atividades da amígdala. "Os seres humanos aproveitam as conexões sociais e se beneficiam quando agem a serviço do bem-estar dos outros", segundo os autores.
Um estudo anterior, também publicado na Psychosomatic Medicine, afirmou que dar suporte social tem efeitos positivos nas áreas do cérebro envolvidas em respostas ao estresse e à recompensa. Esse estudo sugeriu que fornecer apoio — não apenas recebê-lo — pode trazer benefícios à saúde física e mental.
Uma pesquisa da Universidade de Harvard publicada recentemente, mostra que voluntários são mais preocupados com a própria saúde e, portanto, fazem mais exames preventivos. As voluntárias, por exemplo, são 53% mais propensas a fazer mamografia do que não-voluntárias. Além disso, quando adoecem, voluntários em geral passam 38% menos tempo em hospitais que o resto da população.
Os cientistas sugeriram que o voluntariado diminui o estresse, o que melhora as condições de vida de quem o faz; ao se expor a diferentes pessoas, com variados problemas, cresce a consciência da necessidade de se cuidar; surge um objetivo de vida maior, o que aumenta a sensação de bem-estar.
Todos os pesquisadores afirmam que apenas ser voluntário não basta para melhorar a saúde. Para eles, no entanto, a prática ajuda -e muito- a melhorar a autoestima, a adquirir (ou aumentar) consciência social e a fortalecer laços sociais. E esses fatores, somados, ajudam a melhorar os indicadores individuais.
Para os estudiosos, da mesma forma que aconselham pacientes a não fumar para prolongar sua vida, os médicos deveriam prescrever atividades voluntárias. Além disso, sugerem que governos e planos de saúde estimulem o voluntariado, pois isto ajudaria a diminuir os custos e a lentidão do atendimento do sistema.
“Se programas de fortalecimento de voluntariado forem bem projetados, podem ao mesmo tempo fortalecer a sociedade, a saúde e qualidade de vida de um grande segmento de pessoas”, concluem Eric Kim e Sara Konrath, de Harvard.
Voluntariar-se faz bem para a saúde, revela uma grande revisão sistemática coordenada pela Escola de Medicina da Universidade de Exeter, no Reino Unido. O estudo publicado na revista “BMC Public Health” mostra que eles vivem mais tempo, com uma mortalidade 20-30% menor se comparado aos não voluntários. Eles também têm menos índices de depressão, maior satisfação com a vida e bem-estar.
A estimativa de voluntários é de 22,5% na Europa, 36% na Austrália e 27% nos Estados Unidos, de acordo com a pesquisa. Estes indivíduos geralmente citam motivos altruístas para o hábito. A atividade também é citada como possibilidade de experiência de trabalho ou para aumentar o ciclo social.
Embora as pessoas sejam mais propensas a se voluntariar por razões altruístas, se elas não sentem que estão “ganhando algo em outra”, então o impacto positivo do voluntariado na qualidade de vida é limitado. Voluntariar-se demais, e transformar o hábito numa obrigação, também pode provocar problemas.
Em 2010, o governo britânico lançou o programa “Construindo uma Grande Sociedade”, que incentivava ações sustentáveis e de baixo custo, como o voluntariado. Esta atividade também foi defendida pelas Nações Unidas e por governos europeus e pelo americano como uma forma de se engajar em comunidades locais. Eles defendiam os benefícios para a saúde e a possibilidade de diminuir as desigualdades sociais.
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