O corpo sob efeito
A polêmica em torno da Cannabis sativa se deve a seus efeitos.
Foi em função deles que ela se tornou uma erva sagrada e teve seu uso medicinal
reconhecido há milhares de anos. Porém, foi por eles que também foi rotulada como
a “erva do diabo” e proibida em diversos países. Mas, afinal, como age a
maconha no corpo humano? Antes de tudo, é preciso lembrar que já foram
identificados mais de 500 componentes nas várias espécies da planta. Assim, nem
tudo sobre a erva está totalmente explicado e novos estudos podem identificar
outros efeitos.
Por todo o organismo
A maconha também pode gerar outros efeitos comportamentais e
no corpo de quem a consome.
Confira alguns exemplos:
- Em certos casos pode ocorrer a perda de parte da audição;
- Devido ao seu consumo, é possível que apareçam crises de
tosse;
- Alguns neurônios responsáveis pela satisfação alteram seu
comportamento e passam a estimular uma maior ingestão de alimentos. Disso vem a
famosa “larica”;
- Longos períodos sem consumir a erva podem dar origem a
quadros de irritabilidade e insônia, além de crises de ansiedade e pânico;
- Por outro lado, também é capaz de contribuir nos
tratamentos desses sintomas, amenizando suas reações.
Pulmão
Ao ser inalada, a fumaça da maconha leva substâncias tóxicas
aos pulmões, além de causar irritação na traqueia e dilatação dos brônquios. O
uso contínuo tende a causar danos ao órgão, como bronquite crônica e comprometimento
da função respiratória. Estudos indicam que usuários que fumam maconha têm mais
chance de desenvolver câncer no pulmão, risco ampliado caso também sejam
tabagistas.
Intestino
Há uma grande concentração de receptores canabinoides no
órgão, que ao serem acionados pelo THC, retardam a sensação de saciedade, mais
um motivo para que a famosa “larica” se manifeste. Não há qualquer evidência
científica de que a erva possa “soltar” ou “prender” o intestino.
Olhos
A maconha provoca relaxamento muscular e vasodilatação,
inclusive na região dos olhos. Com isso, os vasos sanguíneos do globo ocular acabam
ficando mais espessos e visíveis, deixando os olhos avermelhados. As glândulas
lacrimais, ao contrário, sofrem constrição, reduzindo a lubrificação e causando
irritação.
Boca
O THC provoca constrição também das glândulas salivares, o
que leva o usuário a ter uma sensação de secura na boca. As papilas gustativas,
que ficam na língua, também são afetadas, apurando o paladar principalmente em
relação a sabores adocicados.
Coração
A maconha aumenta a pressão arterial, o que altera o ritmo
dos batimentos cardíacos. Na fase mais aguda de seus efeitos, o coração pode
bater até 50% mais rápido. Em pessoas que já possuem um histórico de problemas
cardiovasculares, tais efeitos tendem a ser danosos.
Órgãos sexuais
Alguns estudos apontam uma diminuição de até 50% dos níveis
de testosterona e diminuição da produção de esperma em usuários crônicos. Em
mulheres, foram observadas alterações no ciclo menstrual. No entanto, ainda não
existem estudos conclusivos que provem danos ou benefícios da Cannabis em relação
à atividade sexual e à reprodução.
Ação no cérebro
Devido à complexidade do cérebro a maconha atua de forma
diferente em cada área cerebral:
No córtex frontal e no hipocampo afeta a memória de curto
prazo momentaneamente, isto é, o efeito é notado apenas durante o consumo.
Enquanto sob o efeito da substância, observa-se uma redução na capacidade de
raciocínio lógico.
No córtex pré-frontal a capacidade de concentração é prejudicada pelos canabinoides
que atuam nessa região, é mais difícil tomar decisões sob efeito dessas substâncias.
Por outro lado, há aumento de flexibilidade cognitiva.
O efeito no Núcleo Accumbes proporciona uma ampla sensação de prazer e
relaxamento, por isso, frequentemente observa-se os usuários rindo enquanto
consomem. O uso constante e em altas doses pode dar origem a um quadro de abuso
ou dependência.
O cerebelo e gânglios basais são áreas com diversos receptores responsáveis
pela capacidade motora. Devido ao relaxamento intenso, pode haver perda parcial
de controle de movimento e equilibro.
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