A Fibromialgia é uma síndrome dolorosa, caracterizada pela presença de pontos dolorosos no corpo, sem que sejam justificados por achados clínicos. Possui sintomas de dor muscular generalizada, rigidez, fadiga e sono não restaurador. A dor é localizada como um fenômeno psicossomático, sem que haja mediação simbólica, constituindo um enigma. Respostas do tipo: ‘você não tem nada”, permite que a paciente procure palavras para dizer sua dor e seu desejo, mas existem aquelas que buscam dar um nome ao seu fantasma e submetem-se a intervenções, muitas vezes, desnecessárias, que visam buscar uma realidade material daquilo que não foi dito.
A fibromialgia é considerada outra forma de sofrer no feminino, na qual o sofrimento provocado pelo trauma não é idêntico à dor que o acompanha, trata-se de algo que ficou isolado dentro do próprio sujeito, um sofrimento de difícil localização, como a ansiedade, o luto e a dor de existir da melancolia.
A dor marca o limite entre ela e o Outro, entre o corpo e a psique. O limite do eu atravessado por um excesso. Para a paciente com Fibromialgia, a dor é uma sombra que a acompanha, é um recurso, uma possibilidade de manter a unidade corporal. A dor física, o sintoma, como uma formação de compromisso com a dor psíquica.
A escuta da dor crônica na situação analítica, permite a passagem da dor à construção do sofrimento, para que a dor possa mover-se transformando o gemido em palavras, trazendo para a linguagem o que foi guardado, o que não pode ser dito ou mesmo o indizível, que faz o corpo gritar de Dor!
Por Inês Benevides @inesbenevidesdecastro
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