quinta-feira, 23 de maio de 2019

O Jovem e escolha profissional

O Jovem e escolha profissional
O que você quer ser quando crescer? Quem não escutou uma pergunta dessa quando era criança, pois é! Todos nós já escutamos esse questionamento, mas é por volta dos  16 e 17 anos, na fase da adolescência que essa realidade começa a ser configurada, pois é chegado o momento da decisão profissional e nem sempre estamos preparados para esse grande desafio.
Muitos jovens querem crescer, evoluir e usufruir de suas conquistas. Para tanto a escolha da profissão é um passo importante na vida de qualquer pessoa e alguns jovens não tem ideia sobre qual carreira seguir e vem a seguinte questão, como escolher a profissão certa? Não há formula mágica A escolha de uma profissão é a construção de um projeto de vida e é uma das grandes preocupações dos pais quando os filhos chegam ao Ensino Médio.
Escolher uma profissão é mais do que marcar um X num formulário, pois envolve interesses,  desejos, habilidades,  dúvidas e necessidades de aprovação da sociedade (família, amigos e outros).  As dúvidas mais frequentes entre os jovens dizem respeito ao futuro. Muitos se perguntam se serão bem-sucedidos nas profissões que escolherem, se vão gostar de trabalhar nessa área, se vão se inserir no mercado de trabalho depois de formados. Existe um grande medo de fazer a “escolha errada”e não alcançar o esperado sucesso profissional.
O que pode favorecer a  escolha profissional?
A escolha profissional não depende da idade, mas sim da maturidade de cada um. A capacidade de decisão é formada desde a infância quando a criança tem a oportunidade de escolher algumas coisas sem a ajuda dos pais, assim, quando chega na hora de decisões mais  importantes pode se sentir mais seguro para encará-las.Ter vários conhecimentos é fundamental para decidir. O primeiro é o conhecimento de si mesmo, suas habilidades, interesses, motivações, características pessoais.  O jovem precisa ter clareza de quem ele é, o que deseja para o futuro para, assim, achar profissões compatíveis com seus interesses e identificações. 
O segundo passo é o conhecimento da realidade ocupacional: ler, conversar com quem está atuando no mercado de trabalho, acompanhar se possível a rotina de algum profissional e conhecer a matriz curricular dos cursos que pode ter interesse. Com esse conhecimento, o jovem poderá avaliar com mais clareza o que realmente lhe identifica.

Expectativa familiar e escolha profissional
Um cuidado que precisa ser tomado é quanto aos pais que precisam estar atentos, para não projetarem em seus filhos suas expectativas quanto à carreira e sucesso profissional, baseados em suas próprias crenças e experiências pessoais passadas. Frases como: “Você tem que ser médico como seu pai, que já tem um consultório onde você poderá trabalhar!” ou “Nesta profissão você não vai ganhar dinheiro ou ser bem sucedido!”podem ser extremamente prejudiciais na medida que se fazem imposições ao adolescente sem considerar seus talentos e individualidades.
Os pais têm um papel importante nessa escolha. É fundamental que possam compartilhar suas experiências com a profissão, como foi a sua entrada no mercado de trabalho, as habilidades que identificam em seus filhos, mas sem impor a sua vontade. O importante é que eles ofereçam apoio nesse momento e possam ajudar os filhos a ter autonomia e desenvolver a maturidade para uma escolha mais consciente e segura. É importante frisar que não há nada de errado em seguir a carreira dos pais, contanto que o jovem realmente se identifique com a profissão.

Há também a influência do grupo de amigos, onde todos estão vivenciando a mesma situação. O jovem pode identificar-se com seus pares e, muitas vezes, para ter aceitação no grupo, adere à opinião dos mais “influentes”. Isso, geralmente não dura muito tempo e faz parte do processo de amadurecimento e da formação da identidade do jovem.
Muitos jovens ainda escolhem sua profissão motivados pelo fator financeiro, quanto que  poderão ganhar no futuro e isso, é claro, é uma preocupação necessária para a sobrevivência. Entretanto, uma escolha profissional consciente não deve se basear apenas no fator financeiro, mas deve somar às características pessoais e os outros motivos em exercer uma profissão. 

A escolha profissional é um ritual de passagem  na nossa cultura que pode ser difícil e sofrido para os jovens, pois estes passam por algumas transformações internas e externas e que ao escolher uma profissão estão também lidando com “lutos”,que seria o abrir mão de possibilidades que também possam se identificar. Escolher uma profissão não é um fato isolado, mas algo que se insere no todo da vida, intrinsecamente ligada à individualidade, à realização, aos sonhos, esperanças, fantasias, medos. Na contramão deste processo, a sociedade pós-moderna capitalista tem favorecido cada vez menos espaço para o contato do ser humano com a  sua  singularidade. As exigências sociais, bem como as expectativas familiares nem sempre respeitam o tempo necessário para que o jovem possa fazer o seu caminho de escolha. Isso se confirma, por exemplo, quando buscamos uma escola de educação infantil para nossos filhos e vemos na campanha de marketing da instituição que o foco da educação é o vestibular.

A escolha profissional é, provavelmente, a primeira grande escolha da vida de uma pessoa, por isso, a importância, muitas vezes de participar de um processo de  orientação profissional que possa ajudar o jovem a tomar contato com os seus motivos internos e externos, facilitando  uma decisão mais clara e consciente de si e dos fatores que interferem na sua tomada de decisão, e que muitas vezes pode gerar conflitos, favorecendo a  quadros de grande ansiedade, levando até  situações de adoecimento devido as pressões e o medo de fazer a escolha errada. A verdade é que não existe uma escolha certa ou errada, e sim a escolha possível dentro das minhas possibilidades e condições de fazer essa escolha.

Neste processo de escolha, a  Orientação Profissional pode ser uma estratégia de grande valia para afinar a visão e afunilar as muitas possibilidades, pois por meio de um processo estruturado o orientador profissional poderá favorecer o autoconhecimento através do uso de diversas técnicas, instrumentos, jogos de informação profissional,  estratégias de ação e atividades que auxiliam na reflexão sobre si mesmo, da própria história, sobre as possíveis profissões e expectativas em relação ao futuro e ao papel que se quer ocupar na sociedade.
Assim, muitos jovens e familiares que passam por este momento tão importante, podem buscar estratégias e soluções que auxiliem os que ainda não sabem ou têm dificuldades de decidir. O caminho será sempre o que realiza o coração e lhe faz crescer em humanidade. Afinal, não há valor que pague a sensação de termos encontrado nosso lugar no mundo!
Roberta Cavalcante
Psicóloga Clinica e Orientadora Profissional e de Carreira 
opc@robertacavalcante.psc.br

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